Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira。 Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”。 Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno。 Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais。 Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo。 “Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida。 Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar。 E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover。 [。。。] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história。”